já foram afetados.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Fique forte e de coração aberto!


Agora tá tudo quieto do lado de fora, os carros pararam, o vento parou e o sol está super aquecendo. E do lado de dentro, frio. Pensamentos não se aquietam com a morte.
O tempo para e a percepção aumenta.
Enquanto eu caminhava até o local do velório eu sentia que era exatamente ali que meus pés deviam estar, naquele presente momento. Há pouco mais de um mês eu tinha reencontrado aquela velha amiga louca de um amigo meu. Foi sempre assim, passava um tempo e a gente se reencontrava meio que por acaso, pelos amigos, cidade, lugares e gosto em comum. Toda vez conversávamos como se nunca tivéssemos passados tanto tempo sem se falar, mas sempre com muitas histórias pra contar.
Dessa última vez descobrimos uma viagem programada em comum, não pensamos muito, duas ou três mensagens e estávamos dividindo as poltronas do ônibus rumo a São Paulo.
Hoje enquanto eu caminhava, eu entendi porque dessa vez nosso reencontro durou um pouco mais, eu tive a certeza no coração, que era exatamente aqui que eu deveria estar.
Hoje eu conheci a filha que existe dentro de você, senti doer como se fosse comigo, quis dividir o peso, a saudade, as lembranças, o amor com você. Mas o que eu vi mesmo foi uma menina num processo de metamorfose para a mulher que tá chegando. Eu me sinto privilegiada de estar presente nesse momento, passando um pouquinho, que seja, de força pra você. Porque a vida pede força em todos os seus momentos. Fique forte e de coração aberto!
Aberto como eu pude sentir o seu, sentindo tudo o que esse momento traz de aprendizado. Percebendo o que tem valor de verdade. O sentido que você tanto procurava, não foi isso que me disse?
Quando eu escrevi privilegiada, não quis usar do orgulho e sim da gratidão. Me sinto grata por estar do seu lado hoje, assim como você esteva do meu há pouco mais de um mês. Pra fazer diminuir o medo nessa parte do caminho, segurar a mão, compreender uma ação, cuidar.
Que as tragédias da vida nos mostrem o significado de viver. Que a gente perceba o que realmente tem valor e principalmente que a gente viva o que é verdadeiro.
Eu estou aqui do lado te esperando. Fique bem! Assim que me disser: pronto! Vamos juntas!

domingo, 6 de julho de 2014

Aos vinte e poucos, quase trinta.

A saída de sábado a noite não é algo planejado e esperado ansiosamente desde a segunda-feira.
Agora, a gente se fala um pouco antes de sair de casa, sem combinar com a outra a roupa da balada.
Eu resmungo que não estou afim de ver pessoas e que estou afim mesmo é de asfixiar minhas mágoas no travesseiro.
Você diz que é pra eu me vestir que daqui a pouco tá passando pra me pegar e que brincar com as crianças, que são suas, vai me deixar mais feliz.
Agora, durante a festa, a gente desliga o celular ou deixa na bolsa e procura um canto isolado pra falar da vida.
Claro, com cerveja no copo. Porque um bom papo necessita ser molhado.
Tem música animada como nas outras festas, mas a gente não tá dançando. Quem dança é o Miguelzinho, porque filho de peixe, peixinho é. 
Eu tenho a sensação de que estamos sentadas há dez anos atrás numa festa qualquer, de repente alguém alterou o tempo, agora somos duas mulheres conversando sobre
como é difícil amadurecer, refazer o caminho, arcar com as consequências de cada escolha que fizemos, encarar a vida de peito aberto.
Outro dia, estavamos eu e você nas baladas da vida com um copo na mão, descendo até o chão, e escolhendo com qual gatinho pegar a carona de volta.
Hoje nós aproveitamos o tempo para compartilhar nossas experiências, agregando sabedoria pra as próximas lições, você me lembrando de quem eu sou e eu admirando a pessoa
que você é. 
A balada aos vinte e poucos terminou com a gente indo embora porque as crianças estavam com sono. E sabe, eu também estava.
E a melhor parte é que chegar em casa sã me permite escrever sem que a tela do computador distorça.
Querida amiga Lai, que bom que chegamos perto da casa dos trinta uma ao lado da outra, como havíamos prometido lá no começo. Eu gostaria de escrever aqui cada momento que compartilhamos nesses 10 anos só que vou deixar para o livro, um dia sai. Das baladas mais loucas a dias de treinamento no trabalho. Da sua gravidez no auge da nossa adolescência aos dias atuais de super mãe. Das brigas mais feias que tivemos as nossas reconciliações durante o almoço. Das risadas mais gostosas aos dias de choro sem fim.
Da ausência cheia de saudade aos momentos de reencontro cheios de amor. Das nossas diferenças aos nossos pensamentos acelerados tão semelhantes.
Dos 16 aos 26 anos de parceria. Eu quero deixar registrado aqui, o meu amor e respeito por você. E principalmente minha gratidão pela nossa amizade, que só a gente sabe como foi cultivada.
Hoje a cama não vai rodar quando eu deitar, amanhã não vai ter ressaca e eu garanto que tenho mais coisas para contar da nossa balada do que teria a 10 anos atrás.
Aos vinte e pouco quase trinta a gente valoriza muito mais a companhia do que o rolê.