já foram afetados.

terça-feira, 7 de julho de 2015

METAFORANDO

Encontrar meu lugar no mundo.
Às vezes penso que isso foi sempre o que me moveu na vida. No sentido literal, figurado, de espaço e tempo. Agora por exemplo, descobri um novo lugar, um banco de ponto de ônibus, a uma quadra de casa. Há algumas semanas eu caminho a noite até lá, sento de frente para uma chácara com uma casa antiga e espero a luz do poste apagar, depois acender... Uma luz meio amarelo camomila. Pronto! Me ajeito e sentada com os pés em cima do banco, passo um tempo divagando. Tenho muitas perguntas. Algumas respostas, infinitas alternativas e poucas certezas. Tento descobrir se estou ficando louca, dou risada, e penso que louco de verdade nem imagina que é louco. Testo novas fórmulas pra ver se encontro a cura e sigo logo adiante.
Na última vez que estive lá percebi que não quero apenas jogar, eu quero entender do jogo. Não quero ser desses que vão para o campo apenas pra mirar pro gol e chutar. Eu quero suar a camisa, driblar, ouvir a torcida, sentir a bola, escolher um lado, tomar cartão amarelo, vermelho... Cair, levantar, interagir com todos do campo, correr mancando, ufa! Agora sim mirar para o gol e... Com o coração pulando na garganta, com o tempo que parece parar... Escolher um lado e meter o pé na bola. 
O que vem depois é mero resultado. O que importa é suar a camisa. É sentir a adrenalina, serotonina, é usar tudo o que se aprendeu antes. É ouvir a torcida. Ainda, que o resultado não seja a vitória. O que vale mesmo é jogar!
Quando fazemos as coisas com o amor, por mais que o resultado não seja tão satisfatório a sensação é de missão cumprida. A gente tem certeza de ter dado o melhor, de ter jogado com raça. E claro, depois vem as dores das lesões, contusões, pisões e tudo o mais. E vamos ter que esperar passar. A velha paciência e seu sábio marido, o tempo. É possível até que tenhamos que ficar um ou dois jogos sem jogar, mas valerá o esforço.
Foi então que minha ficha caiu, e tudo fez sentido quando pensei: "Vai ver não preciso de divã, e sim de banco. Vai ver é necessário estar no banco pra que volte a vontade de se movimentar."
E renasceu a vontade de escrever, só porque eu amo metáforas e detesto futebol.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Fique forte e de coração aberto!


Agora tá tudo quieto do lado de fora, os carros pararam, o vento parou e o sol está super aquecendo. E do lado de dentro, frio. Pensamentos não se aquietam com a morte.
O tempo para e a percepção aumenta.
Enquanto eu caminhava até o local do velório eu sentia que era exatamente ali que meus pés deviam estar, naquele presente momento. Há pouco mais de um mês eu tinha reencontrado aquela velha amiga louca de um amigo meu. Foi sempre assim, passava um tempo e a gente se reencontrava meio que por acaso, pelos amigos, cidade, lugares e gosto em comum. Toda vez conversávamos como se nunca tivéssemos passados tanto tempo sem se falar, mas sempre com muitas histórias pra contar.
Dessa última vez descobrimos uma viagem programada em comum, não pensamos muito, duas ou três mensagens e estávamos dividindo as poltronas do ônibus rumo a São Paulo.
Hoje enquanto eu caminhava, eu entendi porque dessa vez nosso reencontro durou um pouco mais, eu tive a certeza no coração, que era exatamente aqui que eu deveria estar.
Hoje eu conheci a filha que existe dentro de você, senti doer como se fosse comigo, quis dividir o peso, a saudade, as lembranças, o amor com você. Mas o que eu vi mesmo foi uma menina num processo de metamorfose para a mulher que tá chegando. Eu me sinto privilegiada de estar presente nesse momento, passando um pouquinho, que seja, de força pra você. Porque a vida pede força em todos os seus momentos. Fique forte e de coração aberto!
Aberto como eu pude sentir o seu, sentindo tudo o que esse momento traz de aprendizado. Percebendo o que tem valor de verdade. O sentido que você tanto procurava, não foi isso que me disse?
Quando eu escrevi privilegiada, não quis usar do orgulho e sim da gratidão. Me sinto grata por estar do seu lado hoje, assim como você esteva do meu há pouco mais de um mês. Pra fazer diminuir o medo nessa parte do caminho, segurar a mão, compreender uma ação, cuidar.
Que as tragédias da vida nos mostrem o significado de viver. Que a gente perceba o que realmente tem valor e principalmente que a gente viva o que é verdadeiro.
Eu estou aqui do lado te esperando. Fique bem! Assim que me disser: pronto! Vamos juntas!

domingo, 6 de julho de 2014

Aos vinte e poucos, quase trinta.

A saída de sábado a noite não é algo planejado e esperado ansiosamente desde a segunda-feira.
Agora, a gente se fala um pouco antes de sair de casa, sem combinar com a outra a roupa da balada.
Eu resmungo que não estou afim de ver pessoas e que estou afim mesmo é de asfixiar minhas mágoas no travesseiro.
Você diz que é pra eu me vestir que daqui a pouco tá passando pra me pegar e que brincar com as crianças, que são suas, vai me deixar mais feliz.
Agora, durante a festa, a gente desliga o celular ou deixa na bolsa e procura um canto isolado pra falar da vida.
Claro, com cerveja no copo. Porque um bom papo necessita ser molhado.
Tem música animada como nas outras festas, mas a gente não tá dançando. Quem dança é o Miguelzinho, porque filho de peixe, peixinho é. 
Eu tenho a sensação de que estamos sentadas há dez anos atrás numa festa qualquer, de repente alguém alterou o tempo, agora somos duas mulheres conversando sobre
como é difícil amadurecer, refazer o caminho, arcar com as consequências de cada escolha que fizemos, encarar a vida de peito aberto.
Outro dia, estavamos eu e você nas baladas da vida com um copo na mão, descendo até o chão, e escolhendo com qual gatinho pegar a carona de volta.
Hoje nós aproveitamos o tempo para compartilhar nossas experiências, agregando sabedoria pra as próximas lições, você me lembrando de quem eu sou e eu admirando a pessoa
que você é. 
A balada aos vinte e poucos terminou com a gente indo embora porque as crianças estavam com sono. E sabe, eu também estava.
E a melhor parte é que chegar em casa sã me permite escrever sem que a tela do computador distorça.
Querida amiga Lai, que bom que chegamos perto da casa dos trinta uma ao lado da outra, como havíamos prometido lá no começo. Eu gostaria de escrever aqui cada momento que compartilhamos nesses 10 anos só que vou deixar para o livro, um dia sai. Das baladas mais loucas a dias de treinamento no trabalho. Da sua gravidez no auge da nossa adolescência aos dias atuais de super mãe. Das brigas mais feias que tivemos as nossas reconciliações durante o almoço. Das risadas mais gostosas aos dias de choro sem fim.
Da ausência cheia de saudade aos momentos de reencontro cheios de amor. Das nossas diferenças aos nossos pensamentos acelerados tão semelhantes.
Dos 16 aos 26 anos de parceria. Eu quero deixar registrado aqui, o meu amor e respeito por você. E principalmente minha gratidão pela nossa amizade, que só a gente sabe como foi cultivada.
Hoje a cama não vai rodar quando eu deitar, amanhã não vai ter ressaca e eu garanto que tenho mais coisas para contar da nossa balada do que teria a 10 anos atrás.
Aos vinte e pouco quase trinta a gente valoriza muito mais a companhia do que o rolê.



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

QUARTO DE PRESENTES

Enquanto deitada na cama ela sonha acordada com uma cama nova, seu olhar percorre aquele quarto. Ela pensou então que talvez seja melhor cuidar desse canto que tem se transformado no canto dela. Como um bicho-da-seda ela acha que deve tecer bem bonito seu casulo.
O que ela não imaginava era que dentro do casulo não é tão escuro como dizem. Que a metamorfose tem um lado colorido, é onde se conserta tudo, de uma forma mágica tudo se transforma e sai pra vida pra mais bonito.
Olha e vê que a estante branca que faz um triângulo não cabia nos sonhos de dois anos atrás. Quando ela imaginaria um quarto em São Paulo com uma estante triangular branca que o pai fez? E ainda, que em cada quadrado e triângulo que as prateleiras formariam teria um presente de amigo? Livros, um sapo que a amiga deu quando foi morar em Londres, o bolo de aniversário de feltro (porta-treco), presente de aniversário que a "filha" deu no seu primeiro aniversário longe de todo mundo, o porta canetas que a mãe deu quando ela conseguiu o primeiro estágio numa grande agência, o primeiro porta linhas/agulhas colorido presente da mãe para sua vida independente e muitos sapatos coloridos presenteados pelo seu trabalho em loja de calçados. 
Ela olha pra cortina de renda branca pendurada com fitas de presente vermelhas e acha uma graça. Foi a tia que fala sempre ''gracinha da tia'' que deu. Olha as paredes com alguns quadrinhos que a amiga doida achou a cara dela. Um diz: Só mais 10 minutinhos e um outro: Ill' do it later. 
Sorri, depois pensa:
Quando foi que você imaginou tudo isso? Alguém já deveria saber que você ficaria tão feliz nesse dia, olhando pra tudo isso, deitada ofegante depois de tanto dançar agradecendo por todos os pequenos detalhes da vida, que fazem toda a diferença e pelos grandes também. Agradecendo por entender que a dor só faz a gente forte, mais forte, que é preciso passar pelos opostos da vida, do contrário não saberíamos qual o lado nos faz melhor.
Ah, menina você não sabe nada sobre casulos, você não sabe nada sobre a vida. Então viva, respire pra viver, viva para saber como é estar vivo. Cresça e voe. 




quinta-feira, 9 de maio de 2013

De Cortinas Fechadas.


Por saber que você é melhor usando as palavras em cima do palco, eu escolhi ficar com a parte que me cabe, usar as palavras para escrever sobre: o quanto você tem sido o personagem principal dos últimos capítulos da minha atual temporada. Tão verdadeiro que virou o cara, que fica do meu lado depois que as cortinas se fecham.
Do lado de lá, o lado de trás, é onde a gente se encontra, no camarim da vida é que é possível gostar sem maquiagem, sem máscaras e com marcas. Assim, eu te acho tão bonito. E depois, quando a sós os dois, posso brincar de ser sua Afrodite e te chamar de Dionísio, ou então ser a pequena da Hanny Baby quando você tocar o violão, e tantas outras que você quiser, enquanto o tempo for amigo da gente.
Presentinho encomendado em outra dimensão, na minha frequência. Se não, quem iria secar a água derrubada enquanto eu passo mal de rir? Acender o cigarro na hora da minha vontade? E tirar os meus dois pés do chão mesmo com eles ali cruzados em cima do tapete? O melhor presente, com todos os sentidos da palavra.
E quando o roteiro acabar e virar passado, que você seja a obra melhor representada do meu teatro. E enquanto continuar que eu sorria sempre, pedindo bis.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Furinhos recheados de amor. Em breve! Aguarde.

Dentro de mim mora um bichinho. Seu nome? Comichão. Vive de roer minha alma e eu vivo da coceirinha gostosa que ele provoca.
Desde que ele chegou e se instalou, nunca mais a alma aquietou.
O Comichão mora em gente que gosta de gente, de alma, de mente. Você também é portador de um? Vamos coçar juntos.
Afinal: Trair e coçar é só começar.

Furinhos recheados de amor. Em breve! Aguarde.